CONSCIÊNCIA E SOLUÇÃO DE PROBLEMAS SOCIAIS
Os problemas sociais enfrentados pelo Terceiro Setor, ou seja, as comunidades carentes da sociedade podem ter um novo caminho: os negócios sociais. Isto é o empreendedorismo transforma problemas sociais em negócios.
Os negócios sociais promovem um “ciclo do bem”, seja em comunidades carentes ou ao redor de grandes empresas. O negócio social é um conceito simples de unir várias pessoas para solucionar um ou vários problemas. E por isso mesmo, torna-se uma inovação ao ter o problema resolvido, ao mesmo tempo em que gera renda, porque não deixa de ser um “negócio”, como qualquer outro.
Todos nós sabemos que atualmente o mundo está cheio de problemas. Temos escutado isso hoje e ontem e todos os dias durante décadas. Problemas sérios, problemas grandes, problemas urgentes. Desnutrição, falta de acesso à água, mudança climática, desmatamento, falta de habilidades, insegurança, falta de alimentos, atenção à saúde insuficiente, poluição, etc. Existem problemas atrás de problemas e o que realmente separa essa época atual de qualquer outra época é a consciência desses problemas. Todos nós estamos bem cientes desses problemas.
Muitos ainda encaram os negócios como o problema, ou pelo menos um dos problemas em muitos dos desafios sociais que enfrentamos. Estamos passando por um momento difícil em termos de respeito pelos negócios. Os negócios, geralmente, não são vistos como a solução. Eles são encarados, pela maioria das pessoas, como problemas. E isso é correto em alguns casos. Existem diversos maus agentes por aí que fizeram a coisa errada, que de fato pioraram o problema. Assim, talvez essa perspectiva de justifique.
Tínhamos a tendência de enxergar as soluções para esses problemas sociais, essas muitas preocupações que enfrentamos em termos de ONGs, em termos de governo, em termos de filantropia. De fato, o fenômeno organizacional característico desta época atual é o tremendo aumento de ONGS e organizações sociais. Essa é uma forma organizacional nova e singular que vimos crescer. Uma enorme inovação, uma enorme energia, um enorme talento está sendo mobilizado atualmente através dessa estrutura de ONG para tentar lidar com todos esses desafios.
Mas, nesse momento, o que ocorre é que temos feito isso há um bom tempo. Temos conhecimento desses problemas sócio-ambientais há décadas. Possuímos décadas de experiência com ONGS e com entidades governamentais, e mesmo assim ainda existe uma realidade estranha. A realidade estranha é que não estamos progredindo suficientemente rápido. Não estamos vencendo. Esses problemas sociais e ambientais ainda aparecem assustadores e insolúveis, e quaisquer soluções que encontrarmos são soluções pequenas. Estamos fazendo um progresso incremental.
Entretanto, se eliminarmos toda a complexidade que temos ao lidarmos com nosso problemas sociais e ambientais, temos o problema da escala. Não conseguimos avançar em larga escala. Conseguimos progredir. Conseguimos mostrar benefícios. Conseguimos mostrar resultados. Conseguimos fazer melhor as coisas. Estamos ajudando. Estamos melhorando. Estamos fazendo o bem. Mas, não conseguimos avançar em escala. Não conseguimos fazer um impacto em larga escala nesses problemas. E isso ocorre porque não temos recursos. E isso está realmente claro hoje em dia. Mais claro do que foi durante décadas. Simplesmente não existe dinheiro suficiente para lidar com qualquer um desses problemas sociais e ambientais em escala usando o modelo atual. Não existe receita tributária suficiente, não existem doações filantrópicas suficientes para lidar com esses problemas da maneira como estamos lidando agora. Temos que confrontar essa realidade. E a escassez de recursos para lidar com esses problemas só está aumentando, certamente no mundo avançado de hoje, com todos os problemas fiscais que enfrentamos.
Então se for fundamentalmente um problema de recursos, está bem claro que eles estão e realmente são criados nos negócios sociais. Toda riqueza é, na verdade, criada por negócios. Negócios criam riqueza quando atendem as necessidades e têm lucro. È assim que toda riqueza é criada. E responder a necessidades e ter lucro, é o que leva a impostos, e isso leva a doações de caridade, É daí que se originam todos os recursos. Somente os negócios sociais conseguem realmente criar recursos. Outras instituições conseguem utilizar os recursos para fazerem um trabalho importante, mas somente os negócios sociais conseguem criá-los. E os negócios sociais criam os recursos quando conseguem responder a uma necessidade e terem lucro. Os recursos são majoritariamente gerados por negócios. Os negócios geram recursos quando obtêm lucro. Esse lucro é aquela pequena diferença entre o preço e o custo necessário para produzir qualquer solução que os negócios tenham criado para qualquer problema que estejam tentando solucionar. Esse lucro é a mágica, porque permite que qualquer solução que tenhamos criado aumente em escala infinita. Pois, se conseguirmos produzir lucro, conseguimos multiplicar por 10, 100, 1.000. Assim, a solução se tornar autossustentável.
Hoje em dia, percebemos com maior clareza que os negócios não lucram ao causarem problemas sociais e ambientais, de nenhuma maneira. Essa é uma visão simplista. Quanto mais nos aprofundamos nessas questões, mais começamos a compreender que na verdade, os negócios sociais lucram com a solução de problemas sócio-ambientais. È daí que vem o verdadeiro lucro. Vejamos, como exemplo, a poluição. Aprendemos hoje que realmente reduzir a poluição e as emissões de gases estão gerando lucro. Economiza dinheiro. Torna a empresa mais produtiva e eficiente, e não desperdiça recursos. Ter um ambiente de trabalho mais seguro, e evitar acidentes, torna a empresa mais lucrativa, porque é sinal de bons processos. Os acidentes são caros e dispendiosos. Questão por questão começamos a apreender que, de fato, não existe nenhum desequilíbrio entre progresso social eficiência econômica em qualquer sentido fundamental, e que os negócios sociais, são de fato, nos dias de hoje, responsáveis pela conscientização e solução de problemas sociais.